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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

terça-feira, novembro 16, 2010

Entrevista: Carlos Alberto Parreira – última parte

“Ninguém nasce médico, ninguém nasce engenheiro, ninguém nasce advogado, e ninguém nasce técnico de futebol. Você tem que se preparar para a função”, aponta experiente profissional
Equipe Universidade do Futebol

O fascínio pela montagem de um grupo e o cuidado no planejamento estratégico do departamento de futebol sempre ficaram explícitos nas ações de Carlos Alberto Parreira. Seja atuando à frente de uma equipe com reduzidos poderes de investimento, como o Bragantino, por exemplo, ou o Fluminense, na disputa da terceira divisão do Campeonato Brasileiro, seja no comando da seleção principal de um grande país. As diferenças de realidade, porém, apontam para uma determinada característica de execução.
 


 

Esse processo reverenciado na função de treinador inclusive alavancou Parreira a uma nova aventura literária. Pouco antes de viajar para Weggis, na Suíça, onde a seleção brasileira realizou a contestada preparação para a Copa do Mundo da Alemanha, ele lançou o livro “Formando Equipes Vencedoras”, que conta a sua trajetória de sucesso.

Em depoimento ao jornalista Ricardo Gonzalez, Parreira revela sua história desde a infância em um bairro de classe média baixa no subúrbio do Rio de Janeiro até o topo da carreira no futebol, contando como a obstinação e a disciplina moldaram sua carreira e de que forma estes valores traçaram um caminho profissional.

Mediante a eliminação precoce da seleção na competição, em uma atuação apagada contra a França, o livro acabou apresentando uma vendagem abaixo do esperado. Mas os princípios e as lições de liderança e motivação, do esporte aos negócios, ficaram preservados.
 


 

Ciente da complexidade do ser humano – e dos momentos atribulados pelos quais passou na comissão técnica de alguns clubes e seleções –, Parreira vê uma falha na formação do treinador brasileiro, de uma maneira geral. Ele cita na entrevista, por exemplo, o contato que teve com Leonardo, ex-diretor de futebol do Milan e que realizou um curso preparatório na Itália antes de assumir o cargo de treinador principal dos rossoneri.

“Ninguém nasce médico, ninguém nasce engenheiro, ninguém nasce advogado, e ninguém nasce técnico de futebol. Você tem que se preparar para a função, pois exige muito mais do que conhecer apenas futebol”, argumentou o tetracampeão mundial como treinador.

Assim como Leonardo não alcançou resultados positivos que o credenciassem para seguir à frente do Milan, mesmo com todos as valências adquiridas em seu tempo de estudo e trabalho, Parreira também não obteve sucesso dirigindo uma grande agremiação européia. Uma razão específica? Ele tentou determinar.
 


 

Ao seu lado, Parreira conta com a parceria do assistente técnico Jairo Leal e do preparador físico Francisco Gonzalez. Ambos participaram da jornada sul-africana na última Copa do Mundo e dão valor ao suporte tecnológico no processo de definição de treinamentos e estudos dos jogos. Integrado no processo, o treinador apenas pondera o uso exagerado de equipamentos e plataformas virtuais.

“Não podemos robotizar o futebol. A coisa mais enganosa no futebol são as estatísticas. Mas há dados numéricos que gosto de saber, como roubadas de bola, passes errados, oportunidades e chutes a gol. Isso ajuda, mas não pode nos formatar”, avaliou.



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Benê Lima