A Tecnologia da Informação (TI) pode ser explicada como um conjunto de todas as atividades e soluções providas por recursos de computação. As aplicações são tantas, ligadas às mais diversas áreas, que não há uma única definição. Como a informação é um bem que agrega valor a uma empresa ou a um indivíduo, é necessário fazer uso de recursos de TI de maneira apropriada, ou seja, utilizar de ferramentas, sistemas ou outros meios que façam dos dados relevantes um diferencial competitivo.
Além disso, é necessário buscar soluções que tragam bons resultados, mas que tenham o menor custo possível. Sem uma “fórmula” para determinar a melhor maneira de manusear as informações, há necessidade de se adequar à cultura, ao mercado, ao segmento e aos diversos aspectos relacionados ao negócio ou à atividade em questão. No caso do futebol, as escolhas também precisam ser bem feitas, a fim de se evitar gastos desnecessários ou, ainda, perda de desempenho e competitividade. E o Corinthians conta com um profissional específico para potencializar as ações do seu departamento.
Formado em Administração e especializado em Gestão Esportiva com cursos no Instituto Trevisan, Escuela de Administración de Empresa (Barcelona) e FPF-FGV, Thiago De Rose é gerente de TI na agremiação paulista. Na área desde 2000, atua de maneira integrada com a comissão técnica principal, bem como os setores médico, de fisiologia e marketing.
De Rose e sua equipe – dois outros profissionais o acompanham – são responsáveis pelo uso da tecnologia na gestão de projetos de comunicação interna, gerenciamento e desenvolvimento de sistemas de bases de dados.
“Também somos responsáveis pela relação técnica com a Nike (pedidos, controle de estoque, previsões), logística da equipe (contato com hotéis para concentração), enfim, tarefas administrativas para fornecer o máximo possível de informação para diretoria, comissão e jogadores e eles executem seus trabalhos tranquilamente”, explicou o executivo à Universidade do Futebol.
A avaliação é de que um sistema de gestão se mostra adequado, pois engloba em apenas um software as informações de todos os setores. Com uma pessoa responsável pelo cadastro dos atletas contratados, por exemplo, todo o restante apenas irá adicionar, de forma estruturada e integrada, os dados relacionados ao seu trabalho, com diversas vantagens. É assim que desde 1996, com um projeto então capitaneado por Alessandro Gonçalves da Silva, o Corinthians deu o pontapé inicial na esfera de TI.
“Acho que essa é a questão: com pessoas capacitadas e interessadas no comando, basta fazer um planejamento e segui-lo. Qualquer empresa usa e abusa da tecnologia, por que os clubes não?”, questionou De Rose, corintiano, que também ingressou no ramo da literatura ao assinar com Denis Tassitano a obra “Centenário de Gols - 100 gols que marcaram a história do Timão”.
Nesta entrevista, além de discorrer sobre o desenvolvimento desse projeto particular, ele aprofunda o debate sobre tecnologia aplicada à gestão esportiva, revela um plano de ação especial sobre Comunicação Interna Digital no centro de treinamento alvinegro, e indica por que a nova arena a ser construída em Itaquera será uma revolução.
“O Corinthians certamente quando apresentar seu projeto definitivo mostrará que vai construir um estádio alinhado com as tendências mundiais e pronto para ser o estádio mais rentável e sustentável do país e da América Latina”, finalizou.
Universidade do Futebol – Fale um pouco sobre a sua função dentro do departamento de futebol do Corinthians, por gentileza.
Thiago De Rose – Meu cargo é gerente de TI do departamento de futebol profissional, porém não me limito apenas à TI. Comando uma equipe de três pessoas e trabalhamos com a administração do departamento. Nosso setor é responsável por toda a parte de uso da tecnologia na gestão, por exemplo, em relação a projetos de comunicação interna via TVs, gerenciamento e desenvolvimento de sistemas de bases de dados, fornecimento de informações relevantes para diretoria e as diversas áreas da comissão técnica.
Também somos responsáveis pela relação técnica com a Nike (pedidos, controle de estoque, previsões), logística da equipe (contato com hotéis para concentração), enfim, tarefas administrativas para fornecer o máximo possível de informação para diretoria, comissão e jogadores e eles executem seus trabalhos tranquilamente.
As minhas tarefas são mais voltadas para público interno. Antes de cada jogo, através do nosso sistema de banco de dados, montamos uma pasta para o treinador com diversos relatórios (tabela, classificação, cartões, retrospecto do árbitro, etc.), alimentamos a diretoria com informações sobre contratos, auxiliamos a assessoria de imprensa quanto a estatísticas, números de jogos, gols, etc. O que não fazemos é a parte de estatística e análise individual de atletas em jogos – isso é o setor de tecnologia esportiva quem faz.
Nossas tarefas são basicamente administrativas, porque gestionamos esse sistema fantástico de banco de dados, no qual temos informação de todos os jogadores que passaram por aqui desde 1997, todas as fichas de jogos, público, renda, histórico de tratamento médico, etc.
Equipe de TI atua no levantamento de informações para abastecer comissão técnica; dados históricos compõem software
Universidade do Futebol – Quais são os primeiros passos para executar a informatização nos clubes de futebol?
Thiago De Rose – Acredito que a informatização já é parte de nossas vidas e em todo clube deve existir pelo menos um computador que execute as mais diversas tarefas. Acho que isso já é bem básico e difundido hoje em dia. O problema é que nem sempre aproveitamos todo o potencial dessa informatização.
Hoje em dia, a área de TI está andando cada vez mais rápido, muitas novas tecnologias aparecem diariamente nas empresas. E por que não utilizamos nos clubes de futebol? No Corinthians já temos alguns avanços, possuímos um sistema ERP que controla toda a parte financeira do clube, e no futebol usamos um sistema próprio desenvolvido em 1996 que acumula uma base de dados completíssima. Em questão de três ou quatro cliques consigo saber quantos gols o Edílson marcou no Campeonato Paulista de 1999 ou todo o histórico do tratamento do Nilmar em 2006.
Aqui no Corinthians tivemos a sorte de sempre ter entusiastas de informática em posições-chave, como foi o caso da pessoa que desenvolveu o primeiro sistema, o Alessandro Gonçalves. Desde então, o futebol sempre trabalhou em função do sistema e hoje em dia não caminhamos sem ele. Mas isso nunca partiu muito de cima, sempre foi mais uma questão de funcionários interessados do que de planejamentos corporativos voltados para a tecnologia. Acho que essa é a questão: com pessoas capacitadas e interessadas no comando, basta fazer um planejamento e segui-lo. Qualquer empresa usa e abusa da tecnologia, por que os clubes não?
Universidade do Futebol – Quando se fala sobre tecnologia, desenvolvimento, algumas pessoas se assustam. Muitos profissionais que trabalham com o esporte, inclusive, ainda não estão adaptados a essa rotina de trabalho com o uso da tecnologia. Qual a sua avaliação sobre isso e como o Corinthians trabalha nesse sentido?
Thiago De Rose – Cada vez menos os profissionais se assustam ou rechaçam a tecnologia. Antigamente isso era muito mais evidente, mas pelo menos no caso do Corinthians, nos últimos anos, todos os profissionais, sejam eles o próprio técnico, os preparadores físicos, os fisiologistas ou os fisioterapeutas, todos desejam trabalhar com as melhores ferramentas disponíveis no mercado.
As vantagens são muito claras, não há como negar, todos já se renderam. É muito frequente ver o pessoal usando iPad, iPhone, outros Smartphones, notebooks. Todos usam e exigem de nós, profissionais de tecnologia, o desenvolvimento de métodos para que eles possam aplicar no seu dia a dia.
Universidade do Futebol – Como se dá a integração entre o trabalho do seu departamento com a comissão técnica de futebol e o marketing do clube, propriamente?
Thiago De Rose – Nosso trabalho é fornecer aos outros setores do clube e do futebol informações consolidadas para auxiliar na tomada de decisões. No caso específico da comissão técnica, antes de cada jogo nós preparamos uma pasta com informações, como tabela do campeonato, retrospecto da arbitragem, controle de cartões, etc. Também auxiliamos no dia a dia o pessoal da preparação física e do departamento médico, além de dar todo o apoio à supervisão e à assessoria de imprensa em informações específicas de cada atleta. Basicamente, somos facilitadores de informação.
Quanto ao marketing, nós temos em comum a relação com a Nike. Eles cuidam do relacionamento com a empresa, e nós da parte técnica, mas sempre acabamos conversando quanto à definição dos materiais, cores, design, e também da parte de pedidos, pois necessitamos respeitar uma cota que foi definida entre Nike e marketing. Além disso, eles sempre nos apoiam buscando parceiros para nossos projetos, inclusive teremos novidades em breve quanto a parcerias tecnológicas.
Universidade do Futebol – Em um paralelo com a gestão administrativa dos principais clubes europeus, qual a avaliação que você faz do patamar corintiano?
Thiago De Rose – Eu diria que o Corinthians está no topo quando falamos de Brasil e América do Sul. Mas é muito difícil comparar com a Europa. Primeiro, que mesmo dentro da Europa temos diversos níveis. Os times ingleses e alemães estão muito à frente dos outros, exceto em relação aos “top”, como Barcelona, Real Madrid, Milan, etc. Você pega um time da segunda divisão inglesa e eles fazem coisas que um time da segunda divisão do Brasil jamais sonhou em fazer, e que times médios da primeira divisão da Espanha e da Itália também não chegam nem perto.
Nós estamos no caminho certo, mas nossa estrutura é muito diferente. Aqui somos clubes sociais com departamentos de futebol; lá fora é só esporte. O Barcelona tem equipes de futebol, basquete, handebol, futsal e hóquei sobre patins e ponto final. Você não pode ir no Barcelona passar uma tarde na piscina com a família, pois o conceito de “clube” é muito diferente. Por isso não dá muito para comparar, mas dá sim para constatar que estamos evoluindo bem.
Universidade do Futebol – Qual é o trabalho desempenhado pelo Corinthians com as mídias sociais?
Thiago De Rose – Não sou responsável pela área, mas gosto do tema e posso te dizer que nossa atuação nas mídias sociais ainda tem muito a ser desenvolvida. Sabemos disso e estamos começando a entender como as coisas funcionam. Nosso Twitter oficial tem mais de 150.000 seguidores, e sem muita divulgação, somos um dos clubes mais seguidos do mundo. No Facebook ainda estamos engatinhando, temos 50 mil, enquanto o Barcelona tem seis milhões de fãs e usa ativamente sua página para vender ingressos e interagir com o torcedor.
Estamos plenamente conscientes da importância disso e garanto que em breve teremos novidades. As mídias sociais deixaram de ser brincadeira faz tempo, é inevitável admitir que fazem parte de nossas vidas, e o torcedor está lá, louco para ser fisgado.
Vemos muito isso pelos Twitters dos nossos jogadores e o do Mano Menezes, que criou sua conta aqui no Corinthians. Ele tem quase 2 milhões de seguidores, mais que o Cristiano Ronaldo! Acho que o Twitter abriu as portas para a interação entre torcedor e ídolo, e cabe ao clube capitalizar em cima disso. Mas, em minha opinião, para o clube em si, o caminho a ser explorado é o Facebook.
Os 25 clubes com mais fãs no Facebook
Universidade do Futebol – Ao lado do Denis Tassitano, você assinou a obra “Centenário de Gols - 100 gols que marcaram a história do Timão”. Poderia falar um pouco sobre o processo de confecção do livro?
Thiago De Rose – Bom, além de trabalhar no Corinthians, sou corintiano fanático, e amigo do Denis desde que trabalhamos juntos na Hicks Muse (antiga parceira do Corinthians) em 2001-2002. Como dois fanáticos, um dia o Denis me veio com essa ideia de fazer um livro no ano do centenário e acabamos escolhendo listar os 100 gols mais marcantes do Corinthians a partir do gol do Basílio em 1977, contando como vivemos o momento de cada gol, e enriquecer com depoimentos dos próprios jogadores e outras pessoas importantes que também viveram aqueles momentos.
Nós iniciamos fazendo a lista – obviamente achamos mais de 100 e aí fomos estabelecendo critérios para enxugar a lista. Paralelo a isso, começamos a busca pela editora. O Denis já tinha lançado um livro e já sabia como funcionava. Com a lista dos gols em mãos, passamos a escrever um pequeno texto tentando ilustrar na visão do torcedor como foi a situação de cada gol e também corremos atrás dos depoimentos.
Felizmente, conseguimos depoimentos em mais da metade dos gols, o que enriqueceu muito o livro. Muita gente importante e que até pensamos que jamais iria ajudar colaborou e aí a gente vê que a paixão pelo Timão é igual para todo mundo. Então, conseguimos a editora e fechamos o livro, que acredito ser um material bem legal e divertido.
Todo mundo acaba lembrando um gol que estava meio perdido na memória. É uma leitura muito agradável para qualquer corintiano.
Ao lado do amigo Denis, De Rose lançou a obra para festejar a história do clube do coração no ano do centenário
Universidade do Futebol – Qual é a relevância da área acadêmica para o diálogo e para a melhoria da atuação da comissão técnica e das demais áreas em um clube de futebol?
Thiago De Rose – Eu acho fundamental essa interação com a área acadêmica. Isso sempre ocorreu principalmente nas áreas de preparação física e médica, mas na área de gestão estamos começando a caminhar. Não digo engatinhando, porque isso foi lá no início dos anos 2000 quando tínhamos um ou dois cursos especializados e 90% dos dirigentes eram amadores e/ou aventureiros. Agora temos uma profusão de cursos, eventos, seminários, congressos e cada vez mais com a participação dos clubes.
Sempre achei que deveria haver mais interação entre os profissionais de gestão de diferentes clubes, como há nas outras áreas. O médico do Corinthians conhece o do São Paulo, o do Palmeiras, trocam ideias... E isso acontece muito pouco na área da gestão. Acho que através da área acadêmica acabamos cruzando com essas pessoas e indiretamente acaba colaborando bastante para o desenvolvimento do trabalho e também pessoal.
Universidade do Futebol – Em termos de projetos, como o seu departamento atuará na estrutura do novo centro de treinamento do Corinthians?
Thiago De Rose – Todo o meu setor será transferido para o CT em breve, pois necessitamos estar perto da comissão técnica no dia a dia. Além de tudo que já fazemos atualmente, o CT está abrindo um leque de novas possibilidades e cabe à nossa criatividade saber aproveitar e promover melhorias no ambiente e no fluxo de trabalho.
Nós estamos fechando uma parceria tecnológica com uma empresa de eletrônicos que vai possibilitar que a gente execute um antigo projeto que é o de Comunicação Interna Digital. Pretendemos substituir todos os quadros de aviso por TVs e tablets. Imagina a oportunidade que isso abre... Além de comunicar as coisas básicas, como classificação e tabela do campeonato, programação semanal, etc.
Agora, poderemos passar vídeos de gols do último jogo, por exemplo, além de um ganho infinito em termos de layout e dinâmica de atualizações. Com os tablets, podemos levar interatividade aos jogadores e à comissão. Eles poderão facilmente consultar estatísticas, assistir vídeos, notícias de outros times, enfim, as possibilidades são infinitas.
Universidade do Futebol – Como o futebol ajuda no desenvolvimento da tecnologia e como ela colabora com a evolução da modalidade?
Thiago De Rose – Não só o futebol como qualquer esporte praticado em alto nível pode colaborar com o desenvolvimento da tecnologia. As altíssimas exigências de performance dos atletas abrem um campo para as empresas que desenvolvem tecnologias façam seus experimentos. Não há melhor pé para se testar uma chuteira do que o pé de um grande craque de futebol. Então, toda a competição de alto nível está aí para usufruir, mas também para ser “cobaia” e colaboradora no desenvolvimento. E uma coisa puxa a outra. Do mesmo modo que o atleta ajuda no desenvolvimento de uma tecnologia, ele também a usufrui e isso colabora na evolução de cada modalidade.
Universidade do Futebol – No processo de desenvolvimento de novos produtos esportivos, enquanto para o gestor fornecedor a tecnologia deve ser desenvolvida com vistas ao mercado, para o gestor usuário o olhar deve ser focado no resultado. É possível traçar uma linha comum para atender aos anseios de ambos?
Thiago De Rose – Realmente isso é um fato e não é fácil traçar essa linha comum. Tivemos como exemplo muito claro na última Copa do Mundo a polêmica da Jabulani. Ao mesmo tempo em que os atletas reprovaram a bola, ela foi a mais vendida da história da Adidas num período de Copa do Mundo.
Acredito que atualmente a corda está mais para o lado do mercado, pois querendo ou não os atletas têm contratos com as marcas e acabam tendo que usar seus produtos, mesmo não sendo os melhores disponíveis, e tendo como prioridade no desenvolvimento o seu potencial de venda. Não que os produtos sejam desenvolvidos apenas pensando no mercado, com certeza a opinião do atleta e os testes efetuados também contam muito. Mas não tenho dúvidas de que a Adidas encara como um verdadeiro sucesso a bola mais criticada de todos os tempos no futebol.
Universidade do Futebol – Qual a sua perspectiva para os próximos anos quanto ao desenvolvimento do esporte paralelo à utilização de produtos e serviços baseados em tecnologia?
Thiago De Rose – Acredito que a utilização da tecnologia no esporte, e na vida, é algo que progride de forma geométrica. Cada vez mais temos novas soluções, mais baratas, mais adequadas, o desenvolvimento é incessante. Acredito que a tendência da vez é a mobilidade.
Os tablets e smartphones estão começando a aparecer aqui no Brasil, e lá fora isso já é muito mais comum. O mais interessante é que são aparelhos de fácil uso e que caem no gosto do pessoal, então se espalha muito rapidamente. Quanto será que vamos demorar para ver a prancheta do Joel ser substituída por um iPad? Provavelmente ele não irá trocar, mas quantos técnicos e preparadores físicos não gostariam de consultar informações em tempo real durante o jogo? Isso é só um exemplo. Como eu já disse anteriormente, as possibilidades são infinitas e o único limite é a criatividade de cada um.
Universidade do Futebol – Ao término do último Campeonato Paulista, você produziu um artigo de análise sobre a bilheteria ao longo da competição e constatou a fragilidade do modelo atual de comercialização e estruturação tanto pelos clubes, quanto pela FPF. Como tornar o torneio mais funcional e rentável?
Thiago De Rose – Com a fórmula atual e o perfil dos gestores, acredito ser impossível mudar essa característica. Os times menores vão continuar “metendo a faca” nos seus dois jogos anuais contra times grandes e vão penar nos seus jogos contra outros times pequenos. Outro problema é a mentalidade dos dirigentes. Nós vemos essa fórmula como um problema, mas será que eles veem assim? Para eles é muito cômodo, só têm trabalho duas vezes por ano. A meu ver, além de alterar a fórmula do campeonato, talvez com dois grupos, a solução está na mão dos clubes pequenos e da FPF.
Basta planejamento, marketing, competência, e vontade. Com um bom trabalho é possível trazer o torcedor do interior para o estádio, mas você não vê nada. Em São Caetano, onde eu moro, tudo o que fazem é colocar faixas em algumas esquinas da cidade anunciando os jogos. Mas será que não seria legal ir às escolas, chamar os jovens, fazer promoções, enfim, isso é mais um trabalho de marketing do que de tecnologia.
Analisando a bilheteria do Paulistão 2010
Universidade do Futebol – Manter um estádio de futebol é algo caro para qualquer clube brasileiro. A utilização do local para eventos e shows é uma alternativa para garantir a sua sustentabilidade. Como você enxerga a gestão de arenas no Brasil e o que pode ser feito para um upgrade com vistas à sustentabilidade? A arena corintiana a ser erguida em Itaquera atende a esses princípios ideiais?
Thiago De Rose – A gestão de arenas no Brasil, essa sim, ainda engatinha. Não temos praticamente nada parecido com o que se faz pelo mundo. Nossos estádios são antiquados e isso também complica pois alterações de estrutura seriam muito caras e inviáveis. O Morumbi achou sua solução: fazer shows. É o que dá para eles fazerem e é uma alternativa extremamente rentável, mas isso é um caso único no país, porque todos os shows internacionais passam por São Paulo.
Na Bahia, por exemplo, essa alternativa não daria muito certo. O que dá certo é explorar outras fontes de receita tanto em jogos, quanto nos dias “ociosos” (que não deveriam ser ociosos). A questão da alimentação e bebida é fundamental. Aqui no Brasil ninguém come e bebe dentro do estádio, temos sem dúvida que aumentar esse gasto extra do torcedor. A questão de hospitalidade é importantíssima. Por exemplo, mais de 60% do plano de refinanciamento da Allianz Arena sai da venda de camarotes e assentos diferenciados.
Outro tema interessante é movimentar o estádio em dias sem jogos. Museu do clube, loja, tour pelo vestiário, sala de imprensa, etc. Para você ter uma ideia, o museu do Barcelona é o mais visitado da Catalunha, mais até que o do Picasso! De 15 em 15 euros eles vão enchendo o cofre e levantando uma receita que cobre a manutenção do próprio museu e ainda ajuda em outras despesas do estádio.
O Corinthians certamente quando apresentar seu projeto definitivo mostrará que vai construir um estádio alinhado com as tendências mundiais e pronto para ser o estádio mais rentável e sustentável do país e da América Latina.
Experiência e parâmetros internacionais: De Rose aposta em ações inovadoras no CT e crê em projeto moderno e sustentável com a nova arena corintiana
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima