Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sábado, novembro 13, 2010

SporTV Entrevista: Magno Alves, o artilheiro ‘abençoado’

O artilheiro abençoado

O Magnata está na bênção. É assim que Magno Alves de Araújo define seu atual estado civil. O atacante do Ceará se separou há pouco tempo e enfrenta um Fla-Flu em família: os filhos Magno Jr, de 9 anos, João Victor, de 7, e Pedro Henrique, de 6, moram com a mãe, no Rio de Janeiro, e ainda estão divididos entre o Flamengo, time dela, e o Fluminense… preferência do pai. Pois é. O novo ídolo da torcida do Vozão, embora se diga plenamente identificado com a nova casa, não esconde de ninguém que dentro dele ainda bate um coração tricolor (carioca, que fique bem claro, para não causar confusão em Fortaleza).

Sincero e simpático como sempre foi, Magno Alves atendeu minha chamada pelo rádio – que consegui com o auxílio luxuoso de PC Norões, comentarista da TV Verdes Mares e do SporTV – e topou bater um bom papo pelo telefone, registrado abaixo. São perguntas simples, que fiz por causa do momento abençoado que o artilheiro do Ceará está vivendo (quem começou a acompanhar o Brasileirão depois de 2002 poderia até pensar em votar nele como revelação do campeonato…) e também para me lembrar dos tempos em que era editor do LANCE! e me divertia ouvindo as histórias que os repórteres traziam das Laranjeiras. Tinha chegado por lá, em 1998, um centroavante franzino e de cara marcada, que rodara pelo interior de São Paulo antes de se destacar no Criciúma. Mas foi de Aporá, a cidade de pouco mais de 17 mil habitantes onde nasceu, no interior da Bahia, que trouxe o sotaque e as expressões – como o apelido que criou para si mesmo, Magnata – que traziam alguma descontração a uma época em que a cobertura do Fluminense tinha muitas notícias ruins.

Magno Alves demorou a cair nas graças da torcida, que o criticava pelos gols perdidos. Mas enfrentou a Série C e conquistou os tricolores com sua raça. Teve momentos inesquecíveis, como a goleada de 6 a 1 sobre o Santa Cruz pela Copa João Havelange, em que marcou cinco gols. E chegou à seleção brasileira, no laboratório de Leão para a Copa das Confederações de 2001. No ano seguinte, começou uma peregrinação pelo exterior que terminou com sua contratação pelo Ceará para o segundo turno do Brasileirão de 2010.

Rapidamente, caiu nas graças de outra torcida, fez gols importantes, ajudou o time a se livrar do risco do rebaixamento e já se permite olhar para a outra ponta da tabela, agora como torcedor: “O Fluzão vai chegar!”

Fala, Ninja!

(Risos)

Não era assim que você saudava os jornalistas nos tempos de Fluminense?

Agora mudei. Chamo de abençoado e pergunto se tá ligado. Tem que estar sempre ligado…

O Magnata mudou?

Tenho 34 anos, estou mais maduro, aprendi muito e me converti. A base de tudo é o lado espiritual.

E por que a decisão de voltar ao Brasil?

Estava com saudade. Foram sete anos e meio no exterior. Passei pela Coreia do Sul, pelo Japão, pela Arábia Saudita, pelo Catar. Foi uma boa experiência de vida, mas achei que era uma boa hora para voltar.

Dizem que na Coreia e no Japão o futebol é só correria…

É verdade. Lá tem que subir montanha para treinar!

Já no Oriente Médio, o preparo físico é muito criticado.

Mas é por causa do forte calor. Eles até fazem uma pré-temporada forte, mas depois só dá para treinar uma vez por dia e os jogos são todos à noite.

O Catar foi sua última parada. Como estava o preparo físico quando você voltou?

Só precisei de um tempinho para me adaptar. Perdi dois jogos, um contra o Avaí, lá, e outro contra o Goiás, em casa. Depois, não saí mais. Acho que foram umas 14 partidas direto.

Você tinha disputado seu último Campeonato Brasileiro antes da era dos pontos corridos O que mudou de lá para cá?

É verdade, tinha jogado pela última vez em 2002. O Campeonato Brasileiro é o mais difícil do mundo, e com os pontos corridos ficou mais ainda. O estilo mudou um pouco, hoje em dia é muita marcação, muita correria.

Você chegou a um time que já tinha disputado a liderança e depois até lutou contra o rebaixamento. Como encontrou o Ceará?

O time sofreu muito com a parada para a Copa, depois vieram as constantes mudanças de treinador. Quando cheguei, já tinham botado um asterisco no Ceará, era um time marcado para cair. Agora, olhamos a tabela e vemos que há muitos confrontos diretos entre os times que estão atrás de nós. Já estamos confiantes de que vamos permanecer na Série A e nosso objetivo agora é a Sul-Americana.

E o seu objetivo, qual é?

Meu contrato vai até dia 10 de dezembro. Até lá, só penso no Ceará. Os torcedores me receberam com muito carinho, já me param na rua e dizem que o time saiu da situação ruim por minha causa. Mas prefiro valorizar o grupo.

Ainda existe mercado para jogadores com a sua idade?

Claro que sim! Você vê o Pet com 38 anos, o Roberto Carlos e o Ramon com 37, todos jogando em times grandes.

Como foi o reencontro com a torcida do Fluminense?

Foi legal pela recepção que eles me deram. Gritaram “Ah! Magno Alves…”, como nos velhos tempos. Mas minha atuação não foi boa. Ainda estava voltando à forma, perdemos de 3 a 1 no Engenhão.

No jogo contra o Flamengo, você falou da saudade do Maracanã…

Quando voltei ao Brasil, o Maraca já estava fechado para as reformas da Copa. Espero continuar aqui por tempo suficiente para poder jogar lá de novo. Relembrar os tempos do Magnata, dos gols que fazia lá… Principalmente no Flamengo!

Você diz que está mudado. Naquele tempo, era uma figuraça! Teria feito alguma coisa diferente? Tem algum arrependimento?

Talvez minha carreira pudesse ter ido mais longe. Quem sabe? Jogar na Europa… Mas hoje acredito que estava tudo escrito. Era para ser do jeito que foi. Tive uma carreira abençoada.

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Benê Lima