Por sua filosofia, Mourinho desafia mau retrospecto contra o Barça
GUILHERME YOSHIDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Se há um time no mundo que pode bater atualmente o técnico José Mourinho este é o Barcelona. Por isso, o treinador português sabe que o confronto desta segunda-feira, a partir das 18h (de Brasília), pela 13ª rodada do Campeonato Espanhol, vale muito mais do que a liderança da tabela ou a vitória política dos nacionalistas espanhóis sobre os catalães.
Antonio Calanni - 28.abr.2010/AP |
Com a Inter, José Mourinho comemora a classificação em pleno Camp Nou |
Considerado o melhor técnico do mundo, Mourinho precisa nesta noite superar o mau retrospecto que tem diante do arquirrival para mostrar a todos que suas ideias sobre o futebol estão no caminho certo.
Em dez jogos contra o Barcelona desde que se profissionalizou, o treinador venceu apenas em três oportunidades --duas com o Chelsea e uma com a Inter de Milão. Além disso, foram três empates e quatro derrotas.
No entanto, na última vez que saiu derrotado no encontro, o comandante saiu de campo com a classificação assegurada na Copa dos Campeões. Na ocasião, quando perdeu por 1 a 0 e levou a Inter de Milão à decisão do torneio, o treinador correu pelo gramado após o apito final e festejou apontando o dedo para a torcida do adversário, o que causou revolta dos jogadores do Barça.
"O Barcelona tem um estilo de futebol muito bonito, mas eu não quero copiá-lo", afirmou Mourinho, em entrevista ao jornal "Marca", durante a última semana.
O treinador português fala isso porque o jogo no Camp Nou reunirá também um embate de ideias e filosofias de trabalho entre o clube catalão e o comandante do Real. Para os torcedores, Mourinho talvez seja lembrado "apenas" pelo fato de ter conquistado duas vezes a tríplice coroa na Europa (com o Porto, em 2004, e com a Inter, na temporada passada).
Mas, no meio do futebol, ele é apontado como o homem que quebrou alguns paradigmas dentro das quatro linhas. Mourinho foi o primeiro a obter resultados expressivos com uma metodologia de treinamento estudada há décadas mas que era desdenhada pelos treinadores, chamada de periodização tática (que visa desenvolver o 'jogar' dos atletas, com atividades mais intensas e que focam apenas situações de jogo). Com ela, o treinador levou o Chelsea a pouco mais de 60 jogos de invencibilidade em Stamford Bridge e ao inédito bicampeonato inglês, por exemplo.
Andrea Comas/Reuters |
Cercado pelos jogadores do Real Madrid, José Mourinho (c) comanda uma sessão de treino |
Além disso, o técnico português vai testar a eficiência do esquema da moda 4-2-3-1 contra o tradicional 4-3-3 do Barcelona, que joga desta maneira há anos e aplica este método desde as categorias de base até o profissional. No encontro, haverá também um conflito de estratégias: enquanto o Real opta por sempre progredir em direção ao gol quando está no ataque, o time catalão prefere a manutenção da posse de bola.
"O [técnico] Josep Guardiola tem uma equipe definida, um projeto firme. Uma filosofia de anos que segue progredindo desde o Cruyff, passando por Van Gaal e Rijkaard e que agora ele melhorou. O futebol do Real Madrid, ao contrário, ainda precisa ser definido. Passou de Capello a Pellegrini, por Schuster e Juande Ramos. Assim não é possível. Um clube como o Real precisa de uma organização estruturada com um esquema de jogo fixo, uma filosofia própria. Estamos trabalhando nesse sentido desde a minha chegada", comparou Mourinho, ao site da Fifa na semana passada.
Apesar da diferente maneira de trabalhar com o futebol, o treinador português já teve uma passagem pelo Barcelona, ainda no seu início de carreira. No final dos anos 90, ele foi tradutor e técnico-adjunto do inglês Bobby Robson e do holandês Louis Van Gaal durante a sua estadia na capital da Catalunha.
"O Barça é uma grande equipe, um conjunto com uma filosofia de grupo que já vem de vários anos. Conta com jogadores que estão praticamente a vida toda juntos, como Iniesta, Xavi e Messi. Não é fácil enfrentá-lo, mas trabalhamos para sermos igualmente fortes e superá-lo na disputa de títulos. Em competições de mata-mata é mais fácil. Com a Inter e o Chelsea, já ganhei do Barcelona", completou.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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