Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sexta-feira, novembro 12, 2010

Diferenças táticas nas escolas mundiais por Parreira

Entrevista: Carlos Alberto Parreira – segunda parte
Brasileiro comenta sobre a referência de Sepp Herberger como treinador e traça diferenças táticas presentes nas escolas mundiais de futebol
Equipe Universidade do Futebol

A vitória da Alemanha na Copa do Mundo de 1954, conhecida como "O Milagre de Berna", não pode ser desvinculada da figura de Joseph Herberger. Considerado o pai da ressurreição germânica pós-Segunda Guerra, ele foi um treinador cujas conquistas transcenderam as fronteiras convencionais.

Ex-jogador profissional, Sepp, como era conhecido, trabalhou desde os 14 anos em empreiteiras de construção civil e depois em metalúrgicas. Concomitantemente, mantinha viva sua paixão pelo futebol – debutou no Waldhof Mannheim, aos 17 anos. Ao ser convocado pelo exército, teve de se afastar dos gramados por dois anos até voltar ao Waldhof e ser convocado para a seleção alemã. Vestiu a camisa alvinegra em apenas três oportunidades, mas deixou sua marca de artilheiro também no futebol internacional.

Na década seguinte, começou a estudar para tornar-se treinador. Formou-se em primeiro em sua turma com a tese “Buscando a máxima performance no futebol” e atuou por quatro temporadas como técnico de juvenis na federação alemã. Após o fracasso da modalidade nas Olimpíadas de Berlim, em 1936, Sepp assumiu o comando da seleção principal. Apesar do bom trabalho na Copa de 1938, acabou tolhido pelas politicagens da época, que o obrigaram a convocar jogadores da Áustria, então anexada pelo regime nazista alemão.

A grande virada na carreira de Seep – e a relação devida com a entrevista de Carlos Alberto Parreira – vem com o torneio entre seleções de 1954. O técnico já tinha montado um time-base para a seleção alemã, com o jogo todo centrado no capitão Fritz Walter, do Kaiserslautern. Derrotados de maneira humilhante por 8 a 3 para a Hungria, de Puskas e Kocsis, Sepp havia traçado uma estratégia para poupar seus principais jogadores nesse confronto mais duro, e atuar com força máxima diante da Turquia, adversário considerado mais frágil. Com o avanço à segunda fase e a posterior conquista, seu trabalho acabou reconhecido pelos críticos.
 


 

Referência para Parreira, o alemão tinha uma postura distinta em relação ao relacionamento humano, porém. Sepp Herberger era considerado bastante autoritário, mas sabia como motivar seus jogadores – como ocorreu na fantástica final diante dos húngaros, que acabou sendo retratada até em formato de película.

A conquista alavancou uma nova onda de otimismo e muitos jovens começaram a jogar futebol, orientados pelas recomendações de Sepp, que coordenava até as categorias de base da seleção alemã. Em 1962, recebeu a Ordem Nacional do Mérito de Primeira Classe e permaneceu no cargo até 1964, conquistando resultados expressivos nas Copas de 1958 (quarto lugar) e de 1962 (chegou até as quartas-de-final). Seu sucessor foi Helmut Schön. Em 1977, morreu de uma infecção no pulmão, aos 80 anos.
 


 

Outra data, entretanto, é considerada crucial por Parreira na história do futebol: o ano de 1966. Talvez uma sequência à ordem natural da bola. Na Inglaterra, a equipe que se tornaria campeã do mundo diante dos próprios alemães apresentou um modelo de jogo jamais visto antes, cuja estruturação até hoje é presenciada – o sistema 1-4-4-2.
 


 

Com o aumento da velocidade do jogo e a diminuição dos espaços, até mesmo os goleiros tiveram a sua posição “reinventada”. Em uma plataforma, especialmente com a mudança de regra efetuada no início dos anos 1990, os defensores da meta passaram a ter de utilizar mais os pés em suas ações. Algo que Parreira pondera, entretanto, dando prioridade à característica original dos camisas 1.
 


 

Em relação às diferenças táticas do futebol desempenhado em território brasileiro e nos grandes centros europeus, o experiente treinador sinaliza mais para as características estilísticas de cada escola. Em termos práticos, o jogo do principal campeonato no país natal dele é mais cadenciado, enquanto o exterior dá ênfase mais à pressão defensiva e à bola verticalizada, sem o suporte dos laterais.
 


 

Na terceira parte desta entrevista, que irá ao ar na quinta-feira (11/11), os princípios estruturais de jogo são colocados à prova por Parreira. O treinador discorre ainda sobre as diferenças metodológicas de treinamento e qual é o papel dos jogos reduzidos no desenvolvimento dos atletas. 

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Benê Lima