Armando Marques: 'Arbitragem mudou. São incompetentes, mas honestos!'
por Paulo Vinicius Coelho
Faz cinco anos que Armando Marques saiu da CBF, o que aconteceu logo após o escândalo Edílson Pereira de Carvalho. Nunca mais voltou à CBF. Hoje, é membro da Comissão de Arbitragem da Confederação Sul-Americana e inspetor da FIFA. Ajudou a afastar o assistente Erich Bandeira, pelo erro que fez Marcelo de Lima Henrique voltar atrás da decisão de marcar pênalti a favor do Palmeiras no jogo da Copa Sul-Americana. O bandeira disse não ter visto se o lance nasceu de arremesso lateral, o que impediria a marcação de impedimento. Foi afastado.
Em meio ao Campeonato Brasileiro, repleto de reclamações sobre árbitros, este blog decidiu perguntar ao ex-chefe da arbitragem como avalia o nível atual. Ele considera as arbitragens brasileiras boas, mas faz ressalvas. Diz que são incompetentes, mas honestos. E afirma que o caso Edílson aconteceu por sua própria burrice.
PVC - Como o senhor avalia a arbitragem brasileira hoje?
ARMANDO - Não está ruim. Mas poderia estar melhor. O problema é o massacre de jogos. Você tem 540 jogos na Série A, outros 540 jogos na Série B, e não sei quantos na Série C. Assim não há jeito de ter um quadro de árbitros suficiente.
E se não fosse por algumas lambanças como a do bandeira que atrapalhou o árbitro Marcelo de Lima Henrique, no jogo da Copa Sul-Americana entre Atlético Mineiro e Palmeiras também estaria melhor. O bandeira diz que não viu se a bola saiu do lateral? Aí não dá! Demonstra que não está prestando atenção ao jogo. Foi afastado.
PVC - Como o senhor avalia a comissão de arbitragem da CBF:
ARMANDO - Que comissão?
PVC - A comissão dirigida pelo Sérgio Corrêa?
ARMANDO - Preste atenção. Eu saí por uma briga e entrou o Édson Alcântara. Aí, não sei se melhorou, mas o Édson era muito sério. E então entrou o Sérgio Corrêa, que é homem do Marco Pólo Del Nero. O Del Nero é o candidato do Ricardo Teixeira à CBF, se um dia o Ricardo sair da CBF.
PVC - O senhor era presidente da Comissão de Arbitragem na época do escândalo Edílson Pereira de Carvalho? A que o senhor atribui aquele caso?
ARMANDO - Burrice!
PVC - Burrice dele?
ARMANDO - À dele e à minha também. Quando veio à tona o caso do diploma falso dele, eu deveria tê-lo mandado embora. Eu não quis castigá-lo. Tudo nele era falso, até o pai dele era falso.
PVC - O senhor acha possível haver um caso semelhante àquele hoje?
ARMANDO - Não! A arbitragem mudou muito. Hoje podem ser incompetentes, mas são honestos. Mudou muito. Você sabe por que eu fui apitar em São Paulo, no passado?
PVC - Para moralizar a arbitragem.
ARMANDO - E moralizei! Pus o time inteiro do Santos para fora. Mas havia muita gente safada. Você se lembra do Romualdo? Da arbitragem dele na final da Copa do Mundo do México, em 1986? Que arbitragem! Foi o melhor árbitro que eu vi na vida. Mas como era safado! Hoje podem ser incompetentes, mas são honestos.
PVC - O que o senhor acha dos pênaltis marcados no Campeonato Brasileiro?
ARMANDO - Os pênaltis até que eles têm marcado. Muitas vezes falta coragem ao árbitro brasileiro. Falta atenção também. Falta coragem para marcar algumas coisas e isso acontece por causa dessa mania de a CBF suspender os árbitros. Isso deixa o árbitro temeroso. A tecnologia também vai precisar ajudar o futebol, vai precisar ser aceita. E o quarto árbitro também precisa auxiliar mais em certas coisas que o juiz não vê. O árbitro fica isolado demais.
PVC - Pergunto sobre os lances em que há o empurrão, mas há também a...
ARMANDO - A simulação! Isso, sim. É um dos problemas mais graves do futebol. Eles não conseguiram definir até hoje o que é simulação e o que não é simulação. Encosta e o atacante se atira. E não marcam.
PVC - Não marcam o pênalti ou a simulação?
ARMANDO - A simulação. E os instrutores... Aqui esse é outro problema. Ninguém conhece o instrutor. Na Conmebol, onde sou membro da comissão de arbitragem, vamos fazer o curso de observadores. E na Fifa... O Blatter se mete demais em arbitragem. Já falei a ele: não se meta nisso. Na CBF, não. Podem dizer o que disserem, mas o Ricardo nunca se meteu em arbitragem.
PVC - O senhor sente saudade de quando estava na CBF?
ARMANDO - Não, isso não. A melhor coisa que fiz foi sair da CBF. Briguei com vocês da imprensa por causa da minha atuação na CBF. Hoje estou na Confederação Sul-Americana, como membro da Comissão de Arbitragens. E como inspetor da Comissão de Arbitragens da FIFA. Hoje não passo nem na porta da CBF. Senão, vão dizer que estou interferindo.
PVC - Qual o maior problema da arbitragem, na sua visão?
ARMANDO - A questão dos instrutores e os árbitros que apitam sem experiência. Veja o Marcelo de Lima Henrique, do Rio de Janeiro. Melhorou 100% em relação ao seu início. Tem mais experiência. O Seneme teve um problema de saúde e não pôde fazer os testes físicos. Teve de se afastar. Eu tive sorte, porque na minha época não havia testes físicos. O Paulo César de Oliveira... Como caiu! O Héber também caiu de produção.
PVC - E por que caiu?
ARMANDO - Muitos jogos importantes seguidos. Jogos em que tem muita responsabilidade, jogos em que não pode errar.
Outra questão. Os árbitros não leem regras de futebol. Não leem! Por quê? É chato! Também não falam inglês. O Simon para ir ao Mundial precisou fazer um curso intensivo de inglês.
PVC - Qual o melhor árbitro brasileiro?
ARMANDO - O Simon. Ainda é o Simon, embora tenha seus problemas, como o nariz empinado. A FIFA não o queria no Mundial. Era um árbitro na sua terceira Copa, por isso não o queriam. Isso não tem que ser levado em conta. O que vale é a competência. Eu briguei muito para que ele fosse. E, na Copa, Símon estava escalado numa semifinal, mas o tiraram. Não me pergunte quem tirou, mas o tiraram. E escalaram o inglês Howard Webb na decisão. E ele foi um bosta! Me desculpe pelo termo, eu sou mesmo desbocado.
PVC - Onde está a melhor arbitragem do mundo hoje?
ARMANDO - Na América do Sul. Ainda é na América do Sul. Veja aquele colombiano, o Oscar Ruiz. É excelente! O Larrionda fez aquela bobagem na Copa do Mundo, no Inglaterra 1 x 4 Alemanha, mas é muito bom juiz. Briguei para não o mandarem de volta.
PVC - O senhor estava na África do Sul?
ARMANDO - Não. Mas eles me consultam.
PVC - E quem quis mandá-lo de volta?
ARMANDO - Isso eu não posso dizer. Mandar de volta é ruim para a instituição da arbitragem. Antigamente, diziam, colocar no freezer. Se o árbitro não está bem, põe na geladeira. Mas não tem de mandar embora, não.
PVC - O senhor julga que a América do Sul é onde está a melhor arbitragem. E fora daqui? A Inglaterra, por exemplo.
ARMANDO - Ah, não me fale na Inglaterra. É onde mais se fere a lei. Onde mais se passa do limite. Dizem que deixam o jogo correr. Não é isso. Deixam de marcar faltas que existiram. No Brasil, tinha aqueles gaúchos que deixam o jogo correr. E vocês da imprensa elogiando. Mas deixam de marcar faltas sérias. O pé passou acima da linha da bola? Tem de punir! É perigoso.
Em meio ao Campeonato Brasileiro, repleto de reclamações sobre árbitros, este blog decidiu perguntar ao ex-chefe da arbitragem como avalia o nível atual. Ele considera as arbitragens brasileiras boas, mas faz ressalvas. Diz que são incompetentes, mas honestos. E afirma que o caso Edílson aconteceu por sua própria burrice.
PVC - Como o senhor avalia a arbitragem brasileira hoje?
ARMANDO - Não está ruim. Mas poderia estar melhor. O problema é o massacre de jogos. Você tem 540 jogos na Série A, outros 540 jogos na Série B, e não sei quantos na Série C. Assim não há jeito de ter um quadro de árbitros suficiente.
E se não fosse por algumas lambanças como a do bandeira que atrapalhou o árbitro Marcelo de Lima Henrique, no jogo da Copa Sul-Americana entre Atlético Mineiro e Palmeiras também estaria melhor. O bandeira diz que não viu se a bola saiu do lateral? Aí não dá! Demonstra que não está prestando atenção ao jogo. Foi afastado.
PVC - Como o senhor avalia a comissão de arbitragem da CBF:
ARMANDO - Que comissão?
PVC - A comissão dirigida pelo Sérgio Corrêa?
ARMANDO - Preste atenção. Eu saí por uma briga e entrou o Édson Alcântara. Aí, não sei se melhorou, mas o Édson era muito sério. E então entrou o Sérgio Corrêa, que é homem do Marco Pólo Del Nero. O Del Nero é o candidato do Ricardo Teixeira à CBF, se um dia o Ricardo sair da CBF.
PVC - O senhor era presidente da Comissão de Arbitragem na época do escândalo Edílson Pereira de Carvalho? A que o senhor atribui aquele caso?
ARMANDO - Burrice!
PVC - Burrice dele?
ARMANDO - À dele e à minha também. Quando veio à tona o caso do diploma falso dele, eu deveria tê-lo mandado embora. Eu não quis castigá-lo. Tudo nele era falso, até o pai dele era falso.
PVC - O senhor acha possível haver um caso semelhante àquele hoje?
ARMANDO - Não! A arbitragem mudou muito. Hoje podem ser incompetentes, mas são honestos. Mudou muito. Você sabe por que eu fui apitar em São Paulo, no passado?
PVC - Para moralizar a arbitragem.
ARMANDO - E moralizei! Pus o time inteiro do Santos para fora. Mas havia muita gente safada. Você se lembra do Romualdo? Da arbitragem dele na final da Copa do Mundo do México, em 1986? Que arbitragem! Foi o melhor árbitro que eu vi na vida. Mas como era safado! Hoje podem ser incompetentes, mas são honestos.
PVC - O que o senhor acha dos pênaltis marcados no Campeonato Brasileiro?
ARMANDO - Os pênaltis até que eles têm marcado. Muitas vezes falta coragem ao árbitro brasileiro. Falta atenção também. Falta coragem para marcar algumas coisas e isso acontece por causa dessa mania de a CBF suspender os árbitros. Isso deixa o árbitro temeroso. A tecnologia também vai precisar ajudar o futebol, vai precisar ser aceita. E o quarto árbitro também precisa auxiliar mais em certas coisas que o juiz não vê. O árbitro fica isolado demais.
PVC - Pergunto sobre os lances em que há o empurrão, mas há também a...
ARMANDO - A simulação! Isso, sim. É um dos problemas mais graves do futebol. Eles não conseguiram definir até hoje o que é simulação e o que não é simulação. Encosta e o atacante se atira. E não marcam.
PVC - Não marcam o pênalti ou a simulação?
ARMANDO - A simulação. E os instrutores... Aqui esse é outro problema. Ninguém conhece o instrutor. Na Conmebol, onde sou membro da comissão de arbitragem, vamos fazer o curso de observadores. E na Fifa... O Blatter se mete demais em arbitragem. Já falei a ele: não se meta nisso. Na CBF, não. Podem dizer o que disserem, mas o Ricardo nunca se meteu em arbitragem.
PVC - O senhor sente saudade de quando estava na CBF?
ARMANDO - Não, isso não. A melhor coisa que fiz foi sair da CBF. Briguei com vocês da imprensa por causa da minha atuação na CBF. Hoje estou na Confederação Sul-Americana, como membro da Comissão de Arbitragens. E como inspetor da Comissão de Arbitragens da FIFA. Hoje não passo nem na porta da CBF. Senão, vão dizer que estou interferindo.
PVC - Qual o maior problema da arbitragem, na sua visão?
ARMANDO - A questão dos instrutores e os árbitros que apitam sem experiência. Veja o Marcelo de Lima Henrique, do Rio de Janeiro. Melhorou 100% em relação ao seu início. Tem mais experiência. O Seneme teve um problema de saúde e não pôde fazer os testes físicos. Teve de se afastar. Eu tive sorte, porque na minha época não havia testes físicos. O Paulo César de Oliveira... Como caiu! O Héber também caiu de produção.
PVC - E por que caiu?
ARMANDO - Muitos jogos importantes seguidos. Jogos em que tem muita responsabilidade, jogos em que não pode errar.
Outra questão. Os árbitros não leem regras de futebol. Não leem! Por quê? É chato! Também não falam inglês. O Simon para ir ao Mundial precisou fazer um curso intensivo de inglês.
PVC - Qual o melhor árbitro brasileiro?
ARMANDO - O Simon. Ainda é o Simon, embora tenha seus problemas, como o nariz empinado. A FIFA não o queria no Mundial. Era um árbitro na sua terceira Copa, por isso não o queriam. Isso não tem que ser levado em conta. O que vale é a competência. Eu briguei muito para que ele fosse. E, na Copa, Símon estava escalado numa semifinal, mas o tiraram. Não me pergunte quem tirou, mas o tiraram. E escalaram o inglês Howard Webb na decisão. E ele foi um bosta! Me desculpe pelo termo, eu sou mesmo desbocado.
PVC - Onde está a melhor arbitragem do mundo hoje?
ARMANDO - Na América do Sul. Ainda é na América do Sul. Veja aquele colombiano, o Oscar Ruiz. É excelente! O Larrionda fez aquela bobagem na Copa do Mundo, no Inglaterra 1 x 4 Alemanha, mas é muito bom juiz. Briguei para não o mandarem de volta.
PVC - O senhor estava na África do Sul?
ARMANDO - Não. Mas eles me consultam.
PVC - E quem quis mandá-lo de volta?
ARMANDO - Isso eu não posso dizer. Mandar de volta é ruim para a instituição da arbitragem. Antigamente, diziam, colocar no freezer. Se o árbitro não está bem, põe na geladeira. Mas não tem de mandar embora, não.
PVC - O senhor julga que a América do Sul é onde está a melhor arbitragem. E fora daqui? A Inglaterra, por exemplo.
ARMANDO - Ah, não me fale na Inglaterra. É onde mais se fere a lei. Onde mais se passa do limite. Dizem que deixam o jogo correr. Não é isso. Deixam de marcar faltas que existiram. No Brasil, tinha aqueles gaúchos que deixam o jogo correr. E vocês da imprensa elogiando. Mas deixam de marcar faltas sérias. O pé passou acima da linha da bola? Tem de punir! É perigoso.
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Que piada!!! Qr dize que o "Sr. Armando Marques moralizou a arbitragem de SP???".. Queria ter a oportunidade de perguntar a esse Sr. honesto sobre a decisao de 74 entre Cruzeiro x Vasco no RJ. SAFADO!!!!
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