Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, dezembro 21, 2009

COM PÉ E CABEÇA – ANO IV – Nº166


”As metáforas são recursos de linguagem para serem desvendados, e não para serem interpretados ao pé da letra.” (Benê Lima)


Do Observatório

Nova direção, novo ideário


No convite da FCF para a posse dos novos dirigentes da entidade consta a seguinte frase, que tem sido interpretada, de maneira equivocada, em sentido literal e estrito: “Você que faz parte do nosso time, prepare o coração: o melhor Campeonato da história vai começar.”

Pensar a frase entre aspas como uma referência pura e simples ao Campeonato Cearense de 2010, creio que significa expressar uma visão reducionista, e quase nenhuma imaginação. Na visão de marketing nela contida, certamente se pensou mais além, tentando-se estabelecer uma relação simbiôntica do convidado com o projeto da nova administração.

Integrar o time do futebol cearense significa estar ao lado de quem quer o melhor para o nosso futebol e por ele trabalhará. Desse ponto de vista, devemos aderir à força centrípeta representada pela FCF. Acredito ser essa a premissa maior, de uma idéia que tanto trabalha com a sugestão subjetiva, quanto com o aspecto subliminar.

Um início surpreendente

Mudanças eram esperadas, mas nem tanto. Para surpresa de muitos, o presidente Mauro Carmélio muda desde a ritualística até o quadro de pessoal. Para quem não acreditava, os fatos representativos das mudanças falam por si só. E sobre elas [as mudanças] fica o direito de discordar de uma ou outra, porém, não há espaço para se falar em mesmice. A propósito, nunca se viu tanta mudança em tão pouco tempo.

Uma posse em grande estilo, um elenco de medidas já tomadas, além do anúncio de outras tantas por serem implementadas mais adiante, assim se caracterizou o período compreendido entre a eleição e a posse. Entre as mudanças mais profundas, três delas nos chamaram a atenção: a imensa renovação no quadro funcional da entidade; sua nova logomarca; e a amplitude da solenidade de posse.

É perceptível a preocupação da presidência da entidade, em recriar sua imagem à luz de uma visão neoprogressista – ultra moderna. Claro que um salto deste tamanho tanto causa a admiração das mentes mais arejadas, quanto o susto dos mais conservadores. Contudo, não vejo razão para nenhuma crítica acerba - pelo menos por enquanto.

Fazendo referência à logomarca, lembro aos mais conservadores, que o esporte, a meu ver, comporta uma visão mais ousada e de maior leveza em sua simbologia, razão pela qual é razoável a aceitação dos traços arrojados, marca destes novos dias.

Uma muito bem elaborada peça de marketing e de publicidade, carregada de um forte apelo emocional, foi desse modo que vimos todo o repertório de ações direcionadas para o evento da posse e do lançamento do próximo Campeonato cearense. Certo clima de construtiva cumplicidade foi criado, a ponto de desarmar os espíritos mais empedernidos.

Discurso incisivo

Talvez até caiba aos opositores falar em um discurso de posse agressivo. Contudo, vale lembrar que tudo o mais que fora realizado não se coadunava com uma fala moderada e centrista. A força das ações da fase de transição também precisava estar contida no discurso de posse, a fim de que a expectativa positiva quanto ao futuro pudesse por ele ser forjada.

Pode ter soado deselegante a enumeração do que já foi e do que está por ser realizado, pois isso expôs a superficialidade da administração de Mário Degésio. No entanto, não se pode falar em falta de ética, quando o que se diz é escudado na verdade.

Toque de classe

A adesão do Sistema Verdes Mares também conferiu ao evento um tom de certo ‘glamour’. A parceria firmada com as TVs Verdes Mares e Diário para a transmissão dos jogos do Campeonato Cearense, disponibilizou recursos para emprestar ao evento mais um toque de profissionalismo.


EXCERTOS

Díspares entre pares


Fortaleza e Ceará, embora rivais peso pesado, momentaneamente caminham por sendas distintas. Enquanto na do Ceará percebe-se aplausos, afagos e a generosidade de alguns frutos sazonados, na do Fortaleza ouve-se apupos, inúmeros reclamos, vê-se espinhos e não se vislumbra um oásis.

Enquanto ouvimos o discurso modesto e simplório do técnico recém contratado do Tricolor de Aço, Luiz Muller, de outra parte constatamos a expressão fraseológica mais elaborada de René Simões, técnico do Alvinegro. Essa diferença se traduz em diferentes níveis de credibilidade e de força política, quando das reivindicações de ambos ante os seus quadros dirigentes. Mas, é importante que ressaltemos que o futebol nos reserva surpresas no que concerne aos resultados. Portanto, há que se considerar a possibilidade – embora remota – da lógica ser surpreendida por fatos novos e pelos performáticos.


Um profissional em evolução

Falar a respeito de qualquer profissional, reconheço que é sempre uma forma de exposição do mesmo. Mas, entre não ter muitos amigos e ter falsos amigos, continuo preferindo a qualidade à quantidade. Por isso, prossigo me arriscando em manter esse ‘defeito’ de, espasmodicamente apenas, liberar-me para tecer umas poucas considerações sobre o aspecto público de alguns dentre nós.

E a ‘persona grata’ a que farei referência, é o colega Alano Maia. E o faço, acima de tudo, porque ele tem dado seguidas demonstrações de ter assumido a condição de buscador, procurando qualificar-se ainda mais como pessoa, como profissional e como dirigente classista.

Tenho percebido demonstração de mais austeridade em questões respeitantes aos colegas, atitude de humildade em relação ao aprendizado, e boas perspectivas de que possa incorporar suficiente maturidade nos próximos anos, para aspirar à condição de liderança plena como candidato à presidência da APCDEC.

Em sua nova empreitada como comentarista, deve estar vigilante diante da facilidade com que construímos estigmas para nós próprios, pois já nos bastam os flagelos da criticidade dos ouvintes, que hoje em dia, especialmente em função da democratização da informação via world wide web, assumiram níveis de exigência antes impensáveis.

Congratulo-me com o colega, pelo evidente processo evolutivo que parece ter proposto a si próprio.


BREVES E SEMIBREVES ®

Em off

Presidente da FCF, Mauro Carmélio, logo após o ato de posse, na presença de dirigentes da Liga Cearense de Futebol Feminino (LCFF), assume o compromisso de dar incentivo à modalidade.

Em out
Constou do discurso de posse, o compromisso de desenvolver o futebol amador e prestigiar as ligas. O destemor tem acompanhado Mauro de tal maneira, que ele parece estar mais que gestor: parece estar em missão celestial. Pois que mantenha essa obstinada determinação.

”Luscou-fuscou”
O ambiente pró-Mário provocou uma espécie de lusco-fusco sobre seu vice, Idemar Citó, que de coadjuvante passou longos minutos no ostracismo. Importa dizer que não sabemos a que atribuir tal situação: se à omissão de Citó, ou se ao tufão transformista de Mauro e sua equipe.

Justiça em tempo
Às vezes o lobby desconstrói a situação justa e promove o desajuste. Edílson Alves, atual presidente da APCDEC, surpreende a muitos – inclusive a mim, confesso - por seu bom desempenho à frente da nossa ‘Invicta’. Pena que já estejam fazendo campanha a favor de seu vice, Alano, e isso pode provocar certo desalinho nas ações de ambos (Edílson e Alano), situação que viria em detrimento da classe que representam. Um vice discrepante corresponde, guardadas as devidas proporções, a termos a própria esposa como inimiga.

Sugestão
Representaria um avanço se os dirigentes de clubes e demais colaboradores, tratassem o cronista, antes de tudo, como um profissional, para só depois imaginá-lo como torcedor. Quem sabe assim se evitariam constrangimentos como o que vimos na confraternização da última sexta no Clube dos Diários, quando um cronista-torcedor recebeu uma camisa do maior rival, e um outro foi ‘penalizado’ com uma toalha do rival maior.

Menção honrosa
Karam versus Karam versus Múcio representa algo raro no meio esportivo: o debate. E quando esse debate possível é feito entre amigos e amigos-irmãos, mais raro ainda. O estilo de Paulo Karam não é para ser gostado: é para ser promovido, quiçá, imitado.




Benê Lima
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