Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Os bons interinos
Conhecer as peculiaridades de cada clube, sabendo como as coisas funcionam dentro da 'aldeia', muitas vezes pode ser o melhor caminho
Homero Bellini Junior

Que Campeonato Brasileiro esse de 2009!

Não foi só o sucesso da fórmula de pontos corridos que ficou comprovado. Ficou comprovado, também, que o Brasil não é só uma fábrica de grandes jogadores. Esse país é, igualmente, uma fábrica de grandes treinadores.

Há cada ano surgem novos nomes. Nomes até então pouco conhecidos ou, ao menos, reconhecidos no exercício dessa função, mas que, por capacidade própria, agarram a oportunidade que lhes é dada e mostram o seu valor.

No último domingo, última rodada da competição, chegaram, com chances claras de título, Flamengo e Internacional.

O Inter é, há pouco mais de dois meses, treinado pelo experiente Mário Sérgio. Pergunte-se se ele poderia ser considerado um interino, já que é treinador de futebol há vários anos.

Ocorre que, ao ser contratado para encerrar a competição, em substituição ao treinador Tite, veio ele, apenas, com a clara missão de encerrar o ano.

Já veio com o discurso, dele e da direção, que só trabalharia até o final dessa temporada e não havia chance de seguir à frente do clube colorado em 2010.

Além disso, há algum tempo que Mário Sérgio alterna sua condição de treinador com a de comentarista esportivo ou de gerente de futebol. Sendo assim, permito-me dizer-lhe, nessa condição, como um interino.

E o Flamengo?

Quem assumiu o clube, em meio à competição, no lugar de Cuca, foi Andrade, na condição de interino, como já havia feito em tantas outras oportunidades. Em algumas das anteriores foi mantido por algum tempo. Em outras, ficou por poucos jogos, apenas até a contratação do treinador efetivo.

Esse ano, ao assumir, a ideia era que ficasse apenas até a contratação de um novo treinador.

Ocorre que o time, até então claudicante, se acertou sob o seu comando. Ele uniu o grupo de jogadores em torno de si e conseguiu estabelecer um sistema de jogo que se mostrou vitorioso.

A partir disso, somado ao fato da dificuldade na contratação de outro treinador, ele foi sendo mantido e, com o passar do tempo, mostrou ser o homem certo para conduzir o Flamengo na conquista do sexto título nacional rubronegro.

Mas os exemplos não terminam por aí!

E Jorginho, do Palmeiras? Foi ele quem, substituindo Luxemburgo, deixou o time paulista com seis pontos de vantagem sobre o seu mais próximo seguidor, tendo ficado invicto durante o período em que ficou à frente da comissão técnica. Entregou o posto para Muricy, com claras e concretas chances de conquista do título.

No Grêmio, Marcelo Rospide foi interino em dois momentos: o primeiro quando da saída de Celso Roth e, agora, em substituição ao treinador Paulo Autuori. Disputou vários jogos no comando gaúcho e, incrivelmente, até aqui, perdeu apenas um jogo. Isso que disputou, além do Brasileirão, vários jogos pela Libertadores da América.

Talvez situações como essas possam fazer com que os dirigentes de nossos clubes repensem algumas coisas. Será que os treinadores de grande nome e que recebem salários milionários são, na maioria das vezes, a certeza de sucesso e a garantia de ótimos resultados?

Esse campeonato mais uma vez provou que não.

O sucesso dos interinos nos permite ver que o futebol envolve muito mais coisas do que nós, meros torcedores, podemos presumir.

Conhecer as peculiaridades de cada clube, sabendo como as coisas funcionam dentro da “aldeia”, muitas vezes pode ser o melhor caminho, especialmente se isso é aliado ao respeito do grupo de jogadores.

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Benê Lima