Eduardo Fantato
Corinthians e Cruzeiro questionam onde estariam os pontos que faltaram para o título – scout pode ser relevante
Acabou o Brasileirão 2010, e nesta semana vivemos um misto de justificativas com perspectivas. É imprescindível que o planejamento da nova temporada seja precedido pela avaliação da que se encerrou há instantes. Mas nem sempre isso é tomado como verdade nos clubes.
Não consigo imaginar um clube desenvolver seu planejamento sem uma avaliação do que fez na atual temporada. Neste planejamento deve estar incluso todo e qualquer tipo de informação. E será que os clubes têm um banco de informações, será que detêm uma gestão de conhecimento que os permitam fazer essas avaliações?
E que informações poderiam ser analisadas com auxílio da tecnologia da informação?
Bom, são várias as possibilidades e cada uma com certeza gera assunto bem interessante, portanto, no texto desta semana, vamos apenas sondar que itens os clubes poderiam consultar na sua base de informações.
• Do ponto de vista financeiro, avaliar os gastos com viagens e logísticas de hospedagem, concentração etc.;
• Do ponto de vista financeiro e técnico, avaliar as contratações e salários dos atletas, qual perfil de contratação não deu certo, quais outras contratações foram mais impactantes no desempenho da equipe;
• Do ponto de vista do marketing, que momentos foram mais bem explorados, relacionados diretamente ou não com a atuação da equipe e quais não deram a repercussão esperada seja em visibilidade ou mesmo retorno monetário;
• Do ponto de vista do jogo propriamente dito, que jogos foram determinantes para o sucesso ou insucesso da equipe. E nesse aspecto poderíamos nos alongar um pouco mais.
Será que em alguns dos jogos perdidos, a análise do adversário foi bem feita? Algo poderia ter sido diagnosticado? Algo foi identificado, porém, não foi transferido para a questão do jogo? Tudo ocorreu pela imprevisibilidade do futebol ou teve algo que poderia ter sido mapeado e evitado?
Com essas perguntas caímos novamente na questão do uso dos scouts e análises, que podem ter uma ação transversal na análise jogo a jogo e também uma longitudinal, ao final da temporada como estamos insinuando nesse momento.
É como um nadador ao acabar uma temporada ver os motivos dos milésimos de segundo que o fizerem perder a medalha de ouro. A angulação do movimento, a intensidade, o preparo mental, a virada de pescoço, a braçada mais alongada no momento da virada, enfim, uma análise de todo os fatores que interferiam no seu desempenho e podem ter feito a diferença.
A mesma coisa acontece com os clubes, ou será que Corinthians e Cruzeiro não estão buscando onde estariam os pontos que faltaram para o título?
E é nisso que devemos pensar como uma das possibilidades do scout. O scout não dá resposta, como muitas vezes as pessoas esperam e exigem - quem trabalha com isso é cobrado por respostas. Mas essa ferramenta ajuda a formular perguntas, e muitas vezes uma pergunta bem feita é a chave para a uma boa resposta.
É hora de planejar, não sem antes avaliar.
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Benê Lima