Em palestra durante a sétima edição do Footecon, na última quarta-feira, Marcelo Teixeira, que atualmente desenvolve o scout técnico do Manchester United na América do Sul, revelou a limitação das categorias de base de clubes brasileiros a partir de um estudo detalhado com diversas equipes nacionais.
A análise levou em consideração jogadores formados desde a geração de 1983, transparecendo o baixo número de atletas que atingem com sucesso as principais equipes do mundo. Apesar do surgimento de grandes nomes em âmbito internacional, a porcentagem de jogadores revelados ainda é insignificante se comparada com a grande quantidade que se apresenta.
“No Brasil, a gente forma em torno de 20 a 25 atletas de alta performance por geração. Este número é muito pequeno, devido à quantidade de jogadores e clubes que temos no Brasil. Eu peguei 300 equipes que estão disputando o campeonato infantil (sub-15), em 2010. Vamos supor que cada equipe tenha 15 atletas. Então temos 4.500 atletas, com famílias acreditando que o garoto vai dar certo, com a mãe se esgoelando em campo e acreditando que o jogador vai tirar a família da pobreza. Mas apenas 1% deste número vai se tornar atleta de alta performance”, explicou o especialista.
Diretor responsável pelas divisões de base do Fluminense no período de 2002 a 2007, Marcelo Teixeira também discursou sobre o processo sócio-cultural que envolve o departamento de base de uma agremiação. Para ele, inexiste a preocupação dos clubes com o caráter de formação do atleta.
“Quais são os objetivos das categorias de base no Brasil? A questão social está sempre envolvida, quer queira, quer não, quando você está dando a oportunidade para um menino praticar esporte, com apoio de médicos e outros profissionais. Mas a gente sabe que o objetivo dos clubes é formar atletas de nível elevado. Ninguém está formando atleta para jogar na série C do campeonato. Na realidade, todo mundo quer é formar Neymar, Paulo Henrique (Ganso)”, disse Marcelo.
Destaque no Brasil, o Internacional aparece como o clube que mais revela jogadores de qualidade no cenário futebolístico. A pesquisa, que leva em consideração aspectos quantitativos e qualitativos, apontou a agremiação gaúcha como líder no processo de formação de atletas, seguida do Vitória.
Outro ponto discutido foi a irregularidade entre as gerações no número de jovens profissionalizados . “Fica claro, quando a gente compara atletas dos demais clubes, que o Internacional se destaca neste processo de formação de atletas. Em minha pesquisa aparecem 63 clubes aproximadamente”, apontou Marcelo.
“O curioso quando a gente vê a quantidade de jogadores é que tiveram gerações muito boas (bons jogadores revelados), e outras muito ruins. Mas isso é difícil de entender: é uma resposta que a gente tem que buscar”, concluiu.
Abordado pela reportagem da Universidade do Futebol, Marcelo Teixeira alegou que devido a questões contratuais com o clube inglês não poderia conceder entrevista ou divulgar na íntegra os dados indicados em seu estudo.
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Benê Lima