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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

domingo, dezembro 12, 2010

Estudo revela limitações na forrmação de atletas nas categorias de base dos clubes brasileiros

Analista do Manchester United vê fragilidade na formação de atletas no Brasil
Números apresentados por Marcelo Teixeira indicam poucos atletas de alta performance surgidos por geração; Inter se destaca
Artur Capuani e Bruno Camarão

Em palestra durante a sétima edição do Footecon, na última quarta-feira, Marcelo Teixeira, que atualmente desenvolve o scout técnico do Manchester United na América do Sul, revelou a limitação das categorias de base de clubes brasileiros a partir de um estudo detalhado com diversas equipes nacionais.

A análise levou em consideração jogadores formados desde a geração de 1983, transparecendo o baixo número de atletas que atingem com sucesso as principais equipes do mundo. Apesar do surgimento de grandes nomes em âmbito internacional, a porcentagem de jogadores revelados ainda é insignificante se comparada com a grande quantidade que se apresenta.

“No Brasil, a gente forma em torno de 20 a 25 atletas de alta performance por geração. Este número é muito pequeno, devido à quantidade de jogadores e clubes que temos no Brasil. Eu peguei 300 equipes que estão disputando o campeonato infantil (sub-15), em 2010. Vamos supor que cada equipe tenha 15 atletas. Então temos 4.500 atletas, com famílias acreditando que o garoto vai dar certo, com a mãe se esgoelando em campo e acreditando que o jogador vai tirar a família da pobreza. Mas apenas 1% deste número vai se tornar atleta de alta performance”, explicou o especialista.

Diretor responsável pelas divisões de base do Fluminense no período de 2002 a 2007, Marcelo Teixeira também discursou sobre o processo sócio-cultural que envolve o departamento de base de uma agremiação. Para ele, inexiste a preocupação dos clubes com o caráter de formação do atleta.

“Quais são os objetivos das categorias de base no Brasil? A questão social está sempre envolvida, quer queira, quer não, quando você está dando a oportunidade para um menino praticar esporte, com apoio de médicos e outros profissionais. Mas a gente sabe que o objetivo dos clubes é formar atletas de nível elevado. Ninguém está formando atleta para jogar na série C do campeonato. Na realidade, todo mundo quer é formar Neymar, Paulo Henrique (Ganso)”, disse Marcelo.

Destaque no Brasil, o Internacional aparece como o clube que mais revela jogadores de qualidade no cenário futebolístico. A pesquisa, que leva em consideração aspectos quantitativos e qualitativos, apontou a agremiação gaúcha como líder no processo de formação de atletas, seguida do Vitória.

Outro ponto discutido foi a irregularidade entre as gerações no número de jovens profissionalizados . “Fica claro, quando a gente compara atletas dos demais clubes, que o Internacional se destaca neste processo de formação de atletas. Em minha pesquisa aparecem 63 clubes aproximadamente”, apontou Marcelo.

“O curioso quando a gente vê a quantidade de jogadores é que tiveram gerações muito boas (bons jogadores revelados), e outras muito ruins. Mas isso é difícil de entender: é uma resposta que a gente tem que buscar”, concluiu.

Abordado pela reportagem da Universidade do Futebol, Marcelo Teixeira alegou que devido a questões contratuais com o clube inglês não poderia conceder entrevista ou divulgar na íntegra os dados indicados em seu estudo.

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Benê Lima