Clubes, modernizando suas gestões e infraestrutura, estão no caminho certo. Processo, agora, tem de se refletir nos torcedores
Megale
É advogado formado pela PUC-SP, pós-graduado no Fifa Master, mestrado em sociologia, administração e direito desportivo pela De Montfort University, Leicester, UK, SDA Bocconi, Milão, Itália; e Université de Neuchâtel, Suíça, sob a coordenação geral da Fédération Internationale de Football Association - FIFA, e ex-advogado da EPFL - Associação das Ligas Profissionais de Futebol da Europa, sediada em Nyon, Suíça.
Hoje é membro jurídico do Comitê Executivo de São Paulo para a Copa do Mundo da FIFA 2014.
Caros amigos da Universidade do Futebol,
aproveitando a onda que começa a se formar de verdade em torno da Copa do Mundo Fifa de 2014, é hora de colocar ordem na casa. Temos que, definitivamente, utilizar esse momento para modernizar a organização do nosso futebol doméstico, de modo a torná-lo um produto internacional de alta qualidade.
No Estado de São Paulo, modernização já está ocorrendo há algum tempo.
No início do ano passado, a Federação Paulista de Futebol (FPF) publicou um esboço de manual de licenciamento de clubes, inspirado nas normas genéricas editadas pela Fifa. Evidentemente, esse manual não pôde ser implementado na prática, uma vez que essa é uma competência regulatória da Conmebol e da CBF. Mas foi uma iniciativa que merece o comentário.
Tenho certeza de que o Estado de São Paulo já reúne um grande número de estádios e centros de treinamento de primeira qualidade. Diversos projetos também já foram desenhados para modernizar essas estruturas esportivas (o que já é fruto do momento da Copa; esses projetos visam, em última análise, receber seleções internacionais durante o evento).
Nesta linha, a FPF procura, com profissionalismo, autorizar que jogos do Campeonato Paulista sejam realizados em estádios que, além de modernos, contem com todas as licenças exigidas pelo poder público e pela legislação em vigor. Não é um trabalho fácil, mas tem surtido efeito.
O Ministério Público também observa esse movimento e, em colaboração com a FPF, atua na fiscalização do cumprimento da Lei.
Acho que o Estado de São Paulo está no caminho certo. Clubes, unidos pela Federação, modernizando suas gestões e infraestrutura. A esperança é que essa modernização reflita no torcedor, que também tem que fazer sua parte e respeitar normas de organização e higiene. Isso sem mencionar na violência entre torcidas, que não pode mais ter espaço na nossa sociedade.
Estádios interditados
Nessa linha, interessante notar o empenho da FPF, que, tendo o Ministério Público em sua sombra, foi obrigada a interditar uma série de estádios que provavelmente não reuniram as licenças necessárias nos prazos correspondentes.
Acho perfeitamente correto que estádios não sejam liberados sem as licenças exigidas. Só gostaria de ver o MP tão rigoroso com relação a outros eventos. Será que do show do Paul McCartney para cá o Morumbi deixou de ter condições de uso? Ou realmente as licenças que eram válidas durante o show perderam ou estão prestes a perder sua validade?
Fica a questão.
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Benê Lima