COM PÉ E CABEÇA® - ANO V - Nº178 >>>>>>>>
“O futebol cearense cresce, não obstante as mentes obtusas que estão a permeá-lo.” (Benê Lima)
Opinião
UM CLUBE RESPEITÁVEL E SUA CRISE TRAGICÔMICAQuão dinâmica as realidades do futebol, sobretudo em função da gestão dos clubes que compõem seu universo!
Muito se tem propalado sobre a velocidade das mudanças paradigmáticas com as quais o mundo convive, mas quase nada tem sido pensado em como caminharmos pari passu com elas.
As pessoas do futebol não costumam se comportarem como agentes de um dos mais dinâmicos processos de gestão, e acabam se mantendo infiéis a valores como critério, método, ao próprio bom-senso, às mais elementares ferramentas de gestão e até mesmo à inexpugnável ética. E o que pior, mantêm-se refratárias – até em nível de autodidatismo – à aquisição do conhecimento das disciplinas que interagem com o futebol e que também compõem o seu entorno.
De outra parte, identificamos um novo componente da 1crisiopatia dos nossos clubes, sobretudo no “case tricolor”, que tem base no comportamento humano, eivado por infecundas e quase inelutáveis idiossincrasias. Portanto, estamos diante de uma crise reverberatória, onde a má gestão dos clubes é um subproduto da crise intra e interpessoal de seus dirigentes, tanto como gestores como cidadãos. Perceberam o imbróglio?!
Há pelo menos sete anos vimos apontando a falta de formação de novos quadros dirigentes, razão por que não nos surpreende o baixo nível dos que aí estão, com a devida vênia pelas exceções. Mas o que há de revelador nessa situação crítica de escassez [quase falta mesmo] de capital intelectual no futebol, é o descaso das pessoas para com o futebol como meganegócio. E, enquanto essa situação não for corrigida, estaremos potencializando esse endêmico processo 2crisiopático. E nem precisa dizer o quanto isso pode ser danoso para o futebol cearense.
O respeitável Fortaleza Esporte Clube poderia estar vivendo tão-somente uma pequena crise de falta de bons resultados no âmbito das quatro linhas, situação que seria debelada muito mais rápida e facilmente. No entanto, por um monumental equívoco de seu atual presidente da executiva, Renan Vieira, o clube foi levado a conviver com sucessivas e espasmódicas crises, graças às ações e decisões de um não-líder que, pelo excessivo e arrogante centralismo, atraiu para si e para sua pretensa administração, o isolacionismo. Deu no que deu. Pior: poderá dar também no que ainda não deu.
O que é mais lamentável ainda é constatarmos que essa situação tem servido para mediocrizar a muitos dos representantes da torcida tricolor, aos quais os vemos absortos pelos efeitos da degenerescência do ambiente vivido pelo clube. Dentro desse espectro crisiopático, sobrevivem o sectarismo, o dogmatismo, mas também os seus contrários, como o oposicionismo sistemático e o radicalismo. Ademais, os surtos megalômanos que ainda persistem em considerável parcela da torcida constituem-se em mais um entrave para a aceitação da já não tão nova realidade do clube.
Diante deste embora breve relato, creio ser impossível, daqui por diante e até não sei quando, pensarmos em simplificação do “complexo de crises” do tricolor de aço. Mas certamente a pergunta que um bom número de adeptos do clube do Pici se faz é:
“Haverá saída a curto prazo e sob a égide da próxima gestão?”
A resposta rápida, curta e objetiva como gostam os simplistas e simplórios é:
“Sim, há saída!”
Explico. A saída está logo ali, mas para torná-la factível não se pode desprezar nenhum dos aspectos que integrem o corolário das soluções. Entre eles, todos os que Renan Vieira desprezou:
- reestruturação administrativa do clube;
- redimensionamento de seus departamentos;
- modelo participativo de administração;
- gestão eficiente de pessoas;
- valorização do marketing;
- priorizar a comunicação com os públicos interno e externo;
- promover a adequação dos processos de gestão à nova realidade do clube;
- prestigiar a todas as diretorias e seus diretores;
- estimular os diretores a buscarem o apoio dos diversos capitais (intelectual, simbólico, etc.);.
- entre outros.(...)
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1 A crise como doença e/ou distúrbio.
2 relativo à crisiopatia (acima)
“Quando nascemos recebemos um "KIT EU", para depois juntarmos a um "KIT VOCÊ", para que finalmente tenhamos o mais importante deles: o "KIT NÓS.” – (Benê Lima)
BREVES E SEMIBREVES
Muito bom...
o Jornal O Povo publicar a programação esportiva da TV. Mais louvável ainda por publicar a programação das concorrentes. Dez!Que sirva de exemplo...
para o Fortaleza o que fez o ABC de Natal, que por pouco não conquista a Tríplice Coroa. Após seguidas crises, o clube abecedista delas ressurge revigorado, através de uma gestão competente de muitos.Outro exemplo...
de coragem que se presta a inspirar os dirigentes do Fortaleza é o do presidente recém eleito do Fluminense/RJ, Peter Siemsen, que encarará uma dívida de R$350mi. A vantagem de Siemsen é que é também do ramo do futebol, sendo pós-graduado em finanças. Mas, se o Fortaleza conseguir captar durante oito meses do próximo ano somente 1% da dívida do Fluminense dará para rolar a sua dívida.O que falta...
aos nossos treinadores, entre outras coisas possíveis, é estilo e pedigree, sem o quê não conseguirão se impor no mercado. Não adianta fazermos lobby se eles não se prepararem para as oportunidades. Tem deles que ainda utilizam “simpatias”. E tome arruda!Não me dá prazer...
algum falar isso, mas o Ceará [time] jamais modernizará seu futebol com laterais como Boiadeiro e Eusébio. Arlindo Maracanã, então, nem se fala. Tem escolhas no Ceará que, ou são políticas ou baixo misticismo.A propósito de...
modernização e Série A, Boiadeiro é o retrato de um Ceará Sporting festeiro, um jogador que joga pra galera. Dificilmente faz uma ultrapassagem e tem pouco cérebro. Arlindo Maracanã não tem pernas para o repuxo de série nenhuma, nem bola para ser guindado a meio-campista. Já o zagueiro Erivelton é outro que não mais reúne condição para ser titular numa competição do nível de uma Série A.Não entendo...
a política elitista dos dirigentes do Ceará, que estão alijando da platéia nos futuros jogos do time o torcedor menos aquinhoado. Lamentável que tenhamos que conviver com essa visão excludente em nome de um pseudo modernismo. O Ceará já não é mais e menos ainda será do povão daqui por diante. Só que isto nunca foi discutido com o torcedor alvinegro. Vejo isto como uma espécie de golpe contra o povão.Fico curioso...
em saber se a venda de parte dos direitos econômicos do Neymar para conselheiros do próprio Santos fosse no Ferrão, o que fariam os coronéis corais!? Enquanto isso, Paulo Vagner é agraciado pelo trabalho à frente do Horizonte.No tocante às "malas"...
no esporte, precisamos criar mecanismos que as inibam. Os dispositivos legais antidopagem têm funcionado. Então!? Mala branca e preta não deveria existir. Mas já que existem que a elas se dê tratamento diferenciado. Por analogia, furto famélico e assalto não é a mesma coisa. As penas também não o são.Registro...
papos interessantíssimos com Marcello Desidério (FCF), Erich Beting (SP), um dos papas do marketing esportivo, e com o consultor em inovação e soluções de problemas e palestrante Adriano Lima (RJ). Possibilidade de organizarmos um grande e inovador evento. Até já pensei no nome para ele: “Inovação e Criatividade nos Clubes de Futebol”.Adivinhem:
colega radialista em Caucaia, numa emissora de rádio de Caucaia, usando Caucaia como sinônimo de ruim, fulerage e congêneres. Pode? Õ Caucaia sem sorte!Renan Vieira...
presidente da executiva do Fortaleza, parece não ter o senso do cumprimento do dever. Fala do pagamento de algumas obrigações como se fora favor.O maior culpado...
pela situação tragicômica do Fortaleza, depois de Renan Vieira, atende pelo nome de Jorge Mota, uma nulidade em termos decisórios. Está certo que testículo roxo não é para qualquer um, mas também eles não precisam ser cor de rosa.A iniciativa...
do ex-presidente do Fortaleza, Ribamar Bezerra, em pretender constituir um Conselho Deliberativo independente e fiscalizador foi frustrada por inteiro. Ribamar deu com os burros n'água por não ter sabido conduzir a sucessão de seu clube. Outras causas que frustraram a tentativa de Ribamar foram: um estatuto anacrônico e um CD cujo presidente tem sido tergiversante.O sucesso...
da equipe do Ceará tem encoberto os erros de todos, particularmente os do presidente Evandro Leitão e os do técnico Dimas Filgueiras. E, sem fazer apologia à critica, garanto que muitas coisas poderiam ter sido feitas de maneira diferente e com maior possibilidade de acerto. Não faz mal que as pessoas não acreditem.O futebol...
deve ser encarado, predominantemente, como uma atividade gerencial. Portanto, sermos frios, críticos, analíticos torna-se imperativo. Por isso, Evandro Leitão deve deixar-se influenciar é por um gestor do futebol que seja um profissional que tenha a característica de um formador de elenco.Reconhecemos em Dimas...
um grande profissional, dedicado, leal e com competência à altura do treinador mediano que é. Mas, só quem não quer ver é que não percebe que o modelo de liderança do Dimas vem de quatro décadas passadas. Ademais, o bom e velho Dimas deu uma retocada no discurso, mas na prática continua sendo o mesmo retranqueiro. Não que a retranca não possa ser, pontualmente, um bom negócio. Mas, como premissa inarredável ela tira a vontade de ganhar.Ainda não é...
o momento do Ceará pensar em sua base para composição do elenco. A base deve ser pensada como investimento para o futuro. O momento do clube é de afirmação, não de experiências.Curiosidade
Não raro, o comentarista esportivo de rádio que vai para a televisão se sente como um escritor que estréia no twitter. São apenas 140 caracteres para quem fala 14 mil em seu comentário. Ufa!“As pessoas sabem das críticas que faço e as torno públicas, mas ensurdecem diante dos elogios que promovo e daqueles que os guardo para mim." (Benê Lima)
Benê Lima
benecomentarista@gmail.com
benelima@apcdec.com.br
http://blogdobenelima.blogspot.com
(85) 8898-5106 / 9919-6589COLUNAS ANTERIORES
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